Por Allan dos Reis, do site Taboão em Foco
Faltando quatro meses para as eleições municipais, os principais vereadores da base governistas reclamaram (mais uma vez) da forma que são tratados pelo prefeito Fernando Fernandes (PSDB) e o seu grupo político. Os focos das críticas estão na falta de privilégios em relação aos pré-candidatos sem mandato e a demora de cumprir alguns compromissos em suas bases eleitorais.
O primeiro a revelar a sua insatisfação foi o vereador Eduardo Nóbrega (PSDB) durante o final de semana pelas redes sociais ao se deparar com um jornal de um pré-candidato a vereador do PPS distribuído na região do Parque Pinheiros.
“Será que o marqueteiro político pode ser tão estúpido ao ponto de não entender e respeitar as alianças políticas existentes? Será que um rompimento dos que já são, não trará mas malefícios que um possível resultado positivo daquele que poderá ser? A não ser que a situação seja desesperadora e eu não sei?”, publicou Nóbrega.
Porém, o caso voltou à tona na sessão quando o vereador Marcos Paulo (PPS) revelou que está se sentindo traído e vai “utilizar aquele colete [à prova de balas] que o vereador Nóbrega está usando [quando citou que estava recebendo tiros pelas costas de membros do governo]”. Ele não gostou de ver uma liderança da sua igreja [Ministério do Belém] em um ato do vereador Carlinhos do Leme (PSDB) e o prefeito.
“Às vezes você procura resolver algumas questões de forma interna e não sai, a gente começa a entender. Ou não querem nos fortalecer ou nos dá atenção. Raramente evito falar publicamente das demandas. […] Não quero brigar, quero conversar. Mas estou mandando claramente a minha insatisfação. […] Eu preciso entender se tem gente da oposição que está vindo para o governo e ameaça vereador e não se quer conversar para tratar o assunto, alguma coisa está acontecendo. Vamos pontuar a importância deste vereador, da nossa igreja, do nosso grupo”, reclamou Paulinho, como é conhecido.
Em seguida, o líder do governo foi à tribuna reforçar o discurso da importância dos vereadores para o atual governo e que não “vai para o abatedouro sem berrar”.
“Somos importantes, muito importante no cenário [político] que se apresenta. Quero ver como será difícil olhar para o espelho no dia 2 [de outubro] e o espelho dizer: covarde, não fez o que deveria ter feito. Ao contrário, fez média. Tentou se aproveitar daquele que alertaram. Comigo, sem vaselina não vai. Se for para retirar o meu mandato aguardando o silencio, que eu vá para o abatedouro como um carneiro ajoelhado, escolheu o carneiro errado. Dizem que o bom cabrito não berra, o cabrito que não berrar aqui vai para o abatedouro, vai perder o pescoço e dia 3 [de outubro] não adianta falar mais”, protestou Nóbrega.
Sem citá-lo nominalmente, o líder voltou a reclamar do secretário de comunicação Daniel Borges e pediu a sua retirada da coordenação da campanha a reeleição do prefeito. “Peça para a cariocada parar de puxar o X e o S, porque puxa o S demais para o meu gosto. Nunca ganhou um voto nesta cidade. Eu colocaria vossa Excelência [Secretário Cândido Ribeiro] e o Doriana como coordenadores da campanha. Ai vamos ter mais ponderações. […] Vossa senhoria desconhece que aqui existe uma presidência? Vou te dar um exemplo. Sabe quem faz pauta? É o presidente da Câmara. O outro caminho para se passar projeto aqui é se tiver nove votos para entrar em regime de urgência. Antes tem que passar pelas comissões. Projetos não te preocupa? Então de repente fiscalização te preocupa”, discursou Nóbrega.
Depois foi a vez do presidente Cido (DEM) reclamar que o atual governo que não respeita os vereadores e o tamanho de cada um. Ele também falou das ações de alguns pré-candidatos.
“Eu me sinto pouco reconhecido pelo governo. Não só na condição de presidente. A gente espera que o seu tamanho [dentro do governo] seja de acordo com o seu mandato. Eu sinto que eu cresci na cidade. Me sinto em muitos momentos desrespeitado dentro da minha significância na cidade. Eu acho que o pré-candidato tem sim que buscar o seu voto na rua. […] Eu vejo nas redes sociais, pré-candidato como se já tivesse eleito e pudesse deliberar sobre ações na cidade”, reclamou Cido.
E quem encerrou a série de críticas foi o vereador Ronaldo Onishi (SD), que focou no fato do governo ter fortalecido alguns grupos e partidos políticos para disputar as eleições municipais.
“Eu também sinto essa falta de valorização. Também nos critiquem por nossa postura, mas nunca este parlamentar falou uma coisa e fez outra. Nunca prometi algo e não entreguei. As vezes, somos cobrados por essa postura. Sabemos fazer política e fazer campanha. Sabe pedir votos nas ruas. Ninguém está brincando. […] Uma coisa que estamos aprendendo com a política é enxergar. E a gente enxerga o jogo. Enxerga o fortalecimento de certos grupos, o fortalecimento de certas pessoas. Estamos observando. Quero me solidarizar aos vereadores”, disse Onishi para finalizar a sessão.