Mais de 7 mil cristãos foram assassinados na Nigéria em 2025, em meio a uma onda de violência religiosa que segue invisibilizada pela imprensa global.
Por Adalberto Franco
Canal PratiCidade – 7 de outubro de 2025
A Nigéria, país mais populoso da África, vive uma das maiores crises humanitárias e religiosas da atualidade. Em 2025, mais de 7.087 cristãos foram mortos e 7.800 sequestrados em ataques sistemáticos promovidos por grupos extremistas como Boko Haram, ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental) e milícias Fulani radicalizadas. Os números são alarmantes, mas o silêncio da mídia internacional é ensurdecedor.
Genocídio religioso em curso
Desde 2009, estima-se que 125 mil cristãos tenham sido assassinados, 19 mil igrejas destruídas e 600 clérigos sequestrados. Os ataques se concentram no chamado Cinturão do Meio, região onde comunidades cristãs convivem com tensões étnicas e religiosas. A violência é marcada por invasões noturnas, execuções sumárias, incêndios em vilarejos e sequestros em massa.
A indiferença da mídia e da comunidade internacional
Apesar da gravidade dos fatos, a cobertura jornalística internacional tem sido tímida. O comediante americano Bill Maher, conhecido por seu posicionamento crítico, foi uma das poucas vozes a denunciar o massacre como um genocídio sistemático, comparando a situação à crise em Gaza e questionando a ausência de protestos e manchetes sobre os cristãos africanos.
A indignação seletiva da mídia e de movimentos sociais foi criticada por líderes religiosos e organizações de direitos humanos, que apontam o racismo estrutural e a falta de interesse político como fatores que contribuem para a invisibilidade das vítimas.
Reações e apelos por justiça
O Papa Leão XIV condenou o massacre de Yelwata, onde cerca de 200 cristãos foram mortos, classificando o ataque como de “extrema crueldade” e pedindo justiça e paz para a Nigéria. Organizações como Open Doors, Portas Abertas, Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) e o Observatório da Liberdade Religiosa na África (ORFA) têm denunciado os crimes e prestado apoio às vítimas, classificando os ataques como genocídio religioso, conforme os critérios da Convenção da ONU.
O que está por trás da violência?
A crise é alimentada por:
- Radicalismo religioso.
- Conflitos étnicos e territoriais entre pastores muçulmanos e agricultores cristãos.
- Impunidade e negligência do governo nigeriano, que frequentemente nega a motivação religiosa dos ataques.
Reflexão e compromisso
A tragédia na Nigéria exige atenção urgente da comunidade internacional, não apenas por razões religiosas, mas como uma questão de direitos humanos fundamentais. O silêncio diante de tamanha barbárie levanta questões sobre os valores universais, a seletividade moral e a responsabilidade da imprensa em dar voz aos que sofrem.